Retorno ao trabalho, cansaço dobrado!

Quando voltei ao trabalho achei que fosse morrer, isso mesmo é essa a palavra certa, sem exageros. Sentia-me exausta e sem rumo. Não sabia direito para que direção ir, andava muitas vezes de carro sem saber o que estava fazendo e quando dava conta estava na garagem de casa. Se anjo da guarda existe, o meu trabalhou muito nessa época.

Tinha momento que eu pensava “não dou conta, não consigo”, minha mente e meu corpo estavam cansados e isso tudo, ou boa parte por causa da privação do sono nesse período.

Eu esquecia as coisas, cadê minha bolsa, sumiu meu cartão do banco, onde está a chave de casa, só não esquecia o bebê.

Essa é outra parte preocupante, por que você chega do trabalho exausta e seu bebê está aguardando muitas vezes irritado, cansado, com saudades e com certeza você tem que dar 100% da sua atenção a ele.

Sem esquecer do marido que se não for cooperativo pode gerar conflitos no casamento, e o cachorro, a casa, o que falta para comprar para estocar a despensa, a sua babá ou sua ajudante do lar que sempre enlouquecem com alguma informação inoportuna. Telefone que toca na hora errada, visita que você não está esperando.

E você, cadê seu tempo?

Isso é malabarismo.

Ter muitos papéis pode ser frustrante, ainda mais para mães de primeira viagem que acham que o mundo vai acabar.

Mãe que trabalha fora sente muita culpa em deixar a criança com outra pessoa. Ficamos imaginando se o bebê vai sentir nossa falta, se vai nos esquecer, se vai gostar mais da babá do que de mim, etc.

Você inclusive acha que não faz nada 100% correto no trabalho, em casa, na rua, temos aquela sensação de que não vamos dar conta, vou ter um ataque do coração!

Mas calma, hoje posso responder, tudo isso passa, mas vale algumas dicas para ajudá-la a enfrentar esse período:


1 – O papel do pai e marido.
Não seja possessiva, chame seu marido para ajudá-la a dar banho no bebê, trocar a fralda, escolher a roupa, arrumar o berço para dormi, fazer a mamadeira, etc. Pode ter certeza a maior beneficiada será você. Se você pode trabalhar em período integral e ainda chegar em casa e cuidar do bebê e da casa, seu marido também pode. Ele não vai morrer de cuidar do bebê por alguns instantes até você tomar seu banho, relaxar, fazer a janta. Elaborem um plano, principalmente no período que vocês tiverem que acordar a noite para dar a mamadeira, agora se for peito, infelizmente é melhor deixa-lo dormir e assuma essa tarefa sozinha. De que adianta dois “zumbis” no dia seguinte. Mas dividam as tarefas, se um lava a louça o outro lava a roupa. Se um cuida do bebê o outro faz a janta. Nada de um ficar sobrecarregado e o outro vendo TV, lendo jornal ou revista ou no computador, isso é frustrante para quem está com excesso de tarefas. Inclusive pode levar o casal a iniciar o rancor, o desgaste, o resto vocês sabem o que pode acontecer.


2 – Babás, creches, avós (sem dúvida a melhor alternativa)
Acho o ideal deixar com a vovó, mas se você não tem essa opção, como eu não tive, comece a procurar antecipadamente por creches e babás, é muito importante que você analise as opções. Se sua opção for babá, faça pesquisa, solicite referencias, não contrate por que tem carinha boa ou por que já tem netinhos, já recentemente o caso nos jornais da babá que tinha netos e batia em uma criança de 7 meses e outra de dois anos. Uma boa opção é a babá começar a trabalhar antes de você voltar da licença-maternidade, a nossa babá começou quando o Júnior tinha 45 dias e fiquei “colada” nela até o 5º mês de vida dele, isso fez com que eu criasse confiança nela e educasse a mesma sobre meus modos. Fique muito atenta, coloque câmeras de segurança na casa, reveja as filmagens. E boa sorte com a escolha. Agora se a opção for escolinha, vá para frente das escolas, conversem com as mães, elas adoram falar, falar, falar, indicar, contestar, aproveite e obtenha muita informação.

3 – Nada de neuras, a casa pode ficar “sujinha” sim!
Conheça suas prioridades, não vai se matar de tanto trabalhar, mães que trabalham fora chegam em casa e tem o filho para cuidar, louça para lavar, roupa para passar, cachorro para alimentar. Cuidado, você pode ficar doente. Se puder pagar por uma faxineira, faça isso, uma vez na semana para ajudá-la a manter a casa limpinha. Se não puder peça ajuda, isso mesmo, peça ajuda a mãe, sogra, cunhada, vizinha, amiga, e ao maridão. Sempre está em tempo de eles aprenderem a passar roupa. A janta fica por conta do marido, se ele não quiser cozinhar tudo bem, vai dar banho no bebê. Criem uma rotina de tarefas dentro e fora de casa. Ambos trabalham e os dois estão cansados, mas eu garanto, o maior cansaço/esforço é seu, então peça ajuda.

4 – Se você está em casa, pense na casa, se está no trabalho pense no trabalho e claro, olhe a fotinho do seu filho em cima da mesa, pode ter certeza que vai dar um “up” no seu astral. Não lamente estar trabalhando, essa foi sua opção ou por que gosta ou necessidade, então não reclame, isso vai piorar a situação. Se puder ajudar segue uma informação, foi realizada uma pesquisa e mulheres que ficam em casa 100% com as crianças tem maiores chances de serem depressivas e de se isolar da sociedade. Bem como as mães que optaram em trabalhar acabaram oferecendo aos seus filhos melhores opções de vida. Fique calma, seu desespero vai passar, o meu demorou 6 meses.

5 – Seja pratica. Se quiser amamentar depois que voltou ao trabalho, comece por treinar a retirada do leite de forma manual, use aquelas bombinhas manuais ou elétricas (usei a elétrica foi uma maravilha, consegui até 1 litro de leite materno congelado), quando eu estava no trabalho, minha consciência doía “pouco” só de pensar que o Júnior estava mamando meu leite, quando chegava em casa dava o peito e tudo se resolvia. Lembre-se que no Brasil as grávidas podem sair 1 hora mais cedo para amamentar, isso até a criança completar 6 meses. Vale uma dica: use protetor de seios, tem de várias marcas e vários modelos, isso vai evitar constrangimentos no trabalho e na rua, pois muitas mulheres que estão amamentando só de escutar um bebê chorar o peito começa a pingar leite.

6 – Pense em você!
Isso mesmo só falamos de casa, bebê, escolinha, vovó, trabalho..., e você? Não é fácil, mas você também vai precisar de recarga. Cuide de seu cabelo, de suas unhas, vá academia, ou caminhe no parque com o bebê no carrinho, porque não?! Converse muito com outras mulheres que passaram pela maternidade, pois muitas mamães de primeira viagem se sentem perdidas, feias, gordas, não fique assim, você é linda, mãe, é uma heroína. Uma vez aconselhei uma colega a pegar o ônibus dois pontos acima do nosso trabalho, ela fez isso por 03 meses e emagreceu 5 quilos. Estava realizada e muito feliz. Não se entregue. Cuide de você, seu filho precisa de você e não da vovó e do papai.

O primeiro mês que voltamos para o trabalho é muito triste, choramos e nos lamentamos a todo o momento. Mas passa, agüente firme. Você se acostuma a ficar longe do seu filho.
E tudo isso vale a pena por que você vai perceber que é uma mulher multifacetada, uma excelente trabalhadora e uma magnífica, amorosa e envolvida mãe.


2 comentários:

  1. Foi o melhor artigo que já li sobre voltar ao trabalho!

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  2. é Maria Célia, se vc gostou é pq estava sentiu tudo que o texto relata, essas são as verdadeiras mães. Mas passa, não passa? Abraços

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